No decorrer da minha carreira profissional tive oportunidade de liderar pessoas em diferentes ambientes organizacionais, quer em contexto militar quer em contexto empresarial. Iniciei funções de liderança aos dezanove anos, enquanto oficial miliciano. Desde então liderei diversas equipas técnicas de back office e comerciais de front office. Interagi também com variadíssimos clientes e fornecedores de diferentes sectores, com estilos de liderança e de gestão de recursos materiais, financeiros e humanos totalmente diferentes, no desenvolvimento das suas actividades. Esta experiência permitiu-me reflectir com profundidade sobre o que considero ser a atitude das pessoas face ao trabalho e qual a actuação que devemos assumir enquanto líder de equipas.
Descobri que não existem fórmulas de sucesso. Contudo, identifiquei um padrão nas pessoas mais bem-sucedidas, que podem ser líderes ou não, traduzido numa atitude determinada, numa ambição adequada, e num constante ritmo de trabalho, sempre acrescido de muito trabalho. Só imbuídos de Atitude, Ambição, Trabalho e Trabalho se pode atingir e manter constante um elevado nível de rendimento.
Trabalho e Trabalho
Temos de distinguir, claramente, o trabalho desenvolvido com eficácia e o trabalho desenvolvido com eficiência. O que isto significa? Trabalhar com eficácia é atingir de forma competente os resultados que foram objectivados. Caso isto aconteça, podemos sempre avaliar se o trabalho foi eficiente, isto é, se foi executado com o dispêndio do menor recurso possível (material, humano e tempo).
A figura apresentada tem como objectivo ilustrar que o esforço despendido diariamente, o nosso horário de trabalho, deve ser bem aproveitado para maximizarmos de forma eficiente a nossa produção. Se o output final, a produção, está alinhado com os objectivos definidos dizemos que fomos eficazes. Assim, não importa o tempo que estamos no trabalho, mas o que produzimos, durante o tempo que estamos no trabalho.
É fundamental, enquanto líderes de pessoas e, simultaneamente, enquanto colaboradores que vendem a sua força de trabalho, compreender que o tempo que temos à nossa disposição deve ser maximizado (usado da melhor forma) para que a produção (objectivo delineado, o resultado final) seja alcançada ou mesmo superada. Devemos continuamente questionar-nos se existe uma maneira diferente e melhor de executar a tarefa a que nos propomos diariamente (o nosso esforço) por forma a maximizarmos a nossa performance e a da nossa equipa (a forma como usamos a nossa força de trabalho). Só desta maneira conseguimos melhorar a produtividade por colaborador e a da organização no seu todo. Claro está que a liderança terá forçosamente de ser flexível para permitir a inovação e o erro decorrentes dos processos de melhoria contínua que se pretendem implementar e/ou ajustar.
Da observação da figura acima podemos ainda concluir que para melhorar a produtividade ou realizamos mais esforço (trabalhamos mais horas) ou melhoramos a eficiência (produzimos mais por hora).
Temos também de distinguir o trabalho produtivo do trabalho rentável. É, contudo, a produtividade que galvaniza a rentabilidade. De que forma? Vejamos a seguinte ilustração:
Por um lado, no pressuposto que se usam os mesmos recursos, observamos que uma produção meramente quantitativa (produzir mais) contribui para a redução do custo unitário de trabalho (CUT) por unidade produzida (lógica do custo) e, por outro, observamos que uma produção qualitativa (produzir mais valor) contribui para o incremento do valor capturado por unidade produzida (lógica do proveito). A liderança deve pois gerir inteligentemente os recursos disponíveis de forma a maximizar a combinação contínua destas duas variantes produtivas (duas visões de gestão, a do custo e a do proveito que, infelizmente, nem sempre andam de “mão dada”) para, dessa forma, assegurar a maximização da rentabilidade da organização de uma forma sustentável no tempo.
O trabalho não só nos dignifica enquanto seres humanos como também representa a força de desenvolvimento de qualquer organização. O local de trabalho é um lugar onde as pessoas reconhecem a sua dignidade e não apenas o sítio onde trabalham. Primeira conclusão. Os recursos humanos, a força de trabalho, são um activo core da empresa. Devem pois ser tratados como tal!
Ambição
A ambição é expressa pela nossa vontade de alcançar o sucesso (pessoal, familiar e profissional). Parece uma definição simples mas não o é. A vontade deve ser a adequada e baseada em princípios de educação e de boa formação cívica, como seja “o respeito pelo próximo”. Alcançar não pode ser nunca a “qualquer preço” desrespeitando os que connosco trabalham e convivem (requer um respeito 360º e transversal a qualquer nível da organização). O conceito de ter sucesso também é diferente de pessoa para pessoa e de organização para organização, pois depende do valor que cada um lhe atribui.
Por que é necessária a ambição? Sem ambição não temos incentivo para evoluir seja por via do conhecimento seja por via da experiência resultante do próprio trabalho. Segunda conclusão. A ambição é o “alimento” da nossa atitude, é a “voz interior” determinante que fomenta o progresso diário das nossas vidas. Mas como se pode definir a atitude?