O fascínio da tecnologia e da transformação digital permite pensar e levar ao extremo o conceito “economizar”. Alcançar a máxima produtividade através da utilização mínima de recursos e com um reduzido desperdício (recordo que o custo da produção digital tende para zero) é agora uma realidade alcançável.
É precisamente neste ponto que devemos saber pensar no “bem-estar comum” e agir com “maturidade e prudência”.
Devemos procurar promover o equilíbrio entre os mundos físico e o digital pois só assim será saudável o ecossistema global da nossa civilização. À semelhança do corpo humano todos os órgãos têm de estar em pleno funcionamento pois eles são complementares e não exclusivos entre si. Como agir?
Por um lado, requer bom senso e elevada consciência nas decisões que tomamos enquanto líderes que somos:
– do próprio destino – a decisão de aprendizagem das skills que darão acesso ao mundo laboral digital (adwords, predictive analytics, social media manager, bigdata analytics, digital marketing, etc) ou a decisão de formação, em áreas previsivelmente não automatizáveis, que continuarão a dar acesso ao mundo laboral tradicional (cirurgia, cuidados de saúde, investigação, logística, restauração, hotelaria, etc);
– da família – a decisão de viver em partilha de mesa e habitação ou a decisão de conviver digitalmente conectados em longínquos sítios do mundo;
– das empresas – a decisão de criar modelos de negócio que combinem o mundo físico e o mundo digital para, desta forma, “alimentarem” a criação de emprego e, por esta via, garantirem o rendimento que suportará o consumo , o bem estar das famílias e da economia em geral. A relação entre o proveito da desmaterialização da mão-de-obra e os custos da empregabilidade deverá pois ser adequada. É desta forma que as empresas exercerão de forma positiva a sua responsabilidade social;
– do país – a reformulação do sistema educativo que deverá preparar os jovens de hoje, os “millennium”, para este novo mundo que muda a uma velocidade vertiginosa. A educação presente não serve mais para garantir a empregabilidade ou a criação do próprio emprego no actual contexto tecnológico em que emergem os novos modelos de negócio;
– das nações – a decisão de regulação e de supervisão internacional com o objectivo de mitigar as assimetrias entre aqueles que já vivem num mundo digital sofisticado e os que ainda vivem abaixo do limiar da pobreza. Deverão-se promover novos modelos de colaboração entre os países no pressuposto que todos têm os mesmos ideais e que não fazem negócio abusando da fraqueza do seu próximo, colocando de lado os lobbies internacionais em benefício da civilização.
Por outro lado, requer uma elevada capacidade de liderar e saber lidar com os novos modos de estar e de trabalhar, de gerir correctamente os níveis de stress individuais e colectivos gerados pela insegurança da própria mudança, num mundo hiperconectado, cada vez mais complexo e fragmentado. Requer ainda que se pense de forma altruísta, empática e com elevada ética (pensar sob o ponto de vista dos seus próximos) em detrimento do pensamento egocêntrico (pensar em si mesmo e sob o seu ponto de vista). Em que medida a decisão tomada influencia positivamente e negativamente a comunidade envolvente do decisor?
Finalmente, requer que sejamos sábios. A sabedoria é a capacidade de tomarmos a decisão certa no momento certo. É preciso estar informado e ter consciência do lado luminoso e do lado sombrio da revolução digital. Depois é preciso aceitá-los. Contudo, apesar de sabermos que é o caminho a seguir pelas inúmeras vantagens que nos proporciona, devemos mitigar as consequências negativas do uso, se levado ao extremo da maximização do lucro. Saber ligar a realidade digital (pensar na economia digital global) à realidade das populações (agir na economia física local) será de facto uma decisão sábia, cuja responsabilidade é de todos nós.
Nós somos sempre responsáveis pelo que fazemos e pelo que não fazemos (o que ignoramos ou deixamos de fazer).
Enquanto líderes e / ou agentes de mudança deve-se decidir em plena consciência sobre os impactos das potencialidades (i)limitadas da atual revolução tecnológica. Esta atitude e determinação diária representam, em si mesmo, a forma saudável de bem aplicar as oportunidades da transformação digital.
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